Sexta, 02 Maio 2014 21:40

Despedida de Cuiabá - 04/05/14.

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Chegamos em Cuiabá trazendo o Casulo de Joinville para fazer a vistoria no Detran para ser emitido o documento de transformação de Motor Casa, foi uma semana intensa de trabalho e despedidas de amigos e familiares. Dois dias de Detran, idas a bancos, acertar os últimos detalhes da nova casa, arrumar a casa de Cuiabá para ser alugada, enfim muitos detalhes que nos deixaram a mil por hora, aumentando a ansiedade da partida.

Foram quatro dias intenso de trabalho, sendo feriado um deles! Mas finalmente no sábado as 16 horas estava tudo pronto (depois descobrimos que esquecemos muitas coisas). Saimos de casa com um misto de alegria e saudades de tudo que vivemos nela. Fomos para a parte difícil da despedida, a casas dos meus pais. Isso porque não gosto de despedidas, evito de vários modos, encontrando e despedindo que ainda volto para a despedida final. Telefono para matar a saudade e digo que vamos estar sempre juntos, não importa a distância. Passo para tomar um café e dar um abraço e depois eu volto , mas tudo isso para mim já é a despedida final. Então a minha despedida eu já vinha fazendo a muitos dias. Contudo, esta era a oficial, chegamos a chácara encontrei meus velhos, meu pai 86 anos e minha mãe 80 anos.

Hoje somos pais e já passamos por várias despedidas com os nossos  filhos, mas é sempre dolorosa, os pais nunca querem seus filhos longe. Aprendi com um amigo missionário que os pais ensinam os filhos a ter raízes na família e asas para voarem. Um estado de tensão constante, querermos que fixem raízes perto de nós e neste tempo moderno, o mundo ficou pequeno, então eles voam em busca dos seus sonhos que quase sempre estão em lugares distantes.

Foi uma noite de lembranças, recomendações e sorrisos. A noite no campo chega cedo, era nove horas e já parecia meia noite e o cansaço estava presente, quatro dias de preocupações com os detalhes, finalmente a noite seria para relaxar e curtir os velhos pais. Dormimos nos Casulo com as janelas do quarto abertas, Cuiabá se despedia com uma temperatura agradabilíssima, puxamos até um edredon durante a noite.

Pela amanhã estávamos eufóricos, a Lizes sorrindo alegre mas com vontade de finalmente pegar a estrada! Tomamos um belo café da manhã preparado pela minha irmã, Evanilce, um café preto que só a mamãe tem o ponto. Brincamos e sorrimos para disfarçar a despedida. Antes dos abraços de despedida orei a Deus pela graça de estar realizando este sonho, pelos meus amados pais que tem me amado tanto, acompanhando durante toda minha vida torcendo, apoiando, sofrendo, aparando, alegrando, chorando com a minha caminhada. Obrigado meus velhos, tenham certeza vocês plantaram raízes e me deram asas, por isso sou como sou, feliz porque sei de onde sou e sonhador porque vocês me deram asas para voar e buscar os sonhos.

Abraçamos e nos despedimos! O abraço dos braços frágeis da minha mãe e  o abraço contido do meu pai, homem que passou a vida contento as emoções, típicos dos homens da sua época. Mas ao olhar os seus olhos azuis, estavam avermelhados e levemente molhados, despedidas é assim mesmo, os sentimentos querem falar, mas nós queremos calá-los, porém os olhos que são as janelas da alma os denunciam.

Partimos num silêncio que o Casulo ainda não havia testemunhado, a Lizinha e eu calados, felizes por estarmos começando o sonho e tristes pela saudade que já sentíamos e deixando os nossos velhos sentindo. Meus pais, eu os amo, valeu ter nascido e obrigado pelas cinco irmãs que vocês me deram. Deus continue lhes abençoando, é a minha oração!

Lido 16141 vezes Última modificação em Quinta, 08 Maio 2014 13:57
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