Cuando los Jacarandás florecem.
Estivemos em Buenos Aires na semana da posse do recém eleito Presidente da República Argentina, Maurício Macri.
A cidade estava eufórica, otimista, as bandeiras azul celeste tremulando nas sacadas das imponentes avenidas portenha.
Havia um ar de esperança, depois de doze anos de governo kirchner, o período de deserto e atraso que paralisou a Argentina agora é passado, diziam!
Percorremos por dois dias com o casal - Federico e Silvina Young - nossos anfitriões, apaixonados pela bela Buenos Aires. Tentavam, sem muito esforço, mostrar a beleza da Capital que por si só, salta aos olhos, com seus monumentos e prédios históricos, imponentes alamedas e jardins bem cuidados, tudo isso humanizado pela presença dos seus moradores que alegravam a cidade no feriado prolongado, a espera da posse do seu Presidente.
No primeiro dia e começo da noite saímos para conhecer a histórica Buenos Aires, com ruas, avenidas e monumentos que contam a história daqueles que amaram e fizeram a cidade com suas vidas. Isso quem conhece, são aqueles que, da mesma forma amam onde vivem. Dizem que “os mortos governam o mundo”, com suas ideias, amores, lendas e realizações, assim, os nossos anfitriões nos apresentavam os filhos ilustres Argentinos, vivos nas suas memórias, tendo a cidade como testemunha.
Nossos olhos remetiam à lembrança de lugares visitados como a cidade de Madri. Tal qual lá, Buenos Aires com suas praças e arvoredos centenários bem cuidados, monumentos históricos como presentes de países, para marcar datas históricas, parece que estávamos vendo a bela capital espanhola. Isto é um elogio, espero que nossos amigos assim o reconheçam, uma porção de terra européia no cone sul americano.
Constatamos número grande de livrarias, lotadas de pessoas e muitas cafeterias com suas mesas e cadeiras de palhinhas, que a memória nos levava para as ruas de Paris, principalmente a Avenida de Lions, onde lá, como aqui, tivemos a oportunidade de sentar e saborear os seus famosos brioches e croissant, com el cafelito batido, uma iguaria portenha.
No dia seguinte, depois do saboroso almoço na sua residência, próximo a Ricoleta, muitas histórias e risos de casos vividos e viagens realizadas e planos a realizar. Pois bem, a conversa estava boa e risadas de bons e velhos amigos, bem que gostariamos de continuar ali, saboreando os vários sabores dos deliciosos helados portenhos. Mas como o nosso lema é conozcer es necessário, fomos passear um pouco mais por Buenos Aires.
Federico e Silvina são excelentes anfitriões e guias turísticos fantásticos! Levou-nos para a Buenos Aires moderna. Grata surpresa, conhecemos a região revitalizada do Puerto Madero, junto ao Rio da Prata. Próximo ao Puerto um grande e moderno bairro fora construído. Prédios com arquitetura moderna, com designer de última geração, condomínio belíssimos e caríssimos, conhecemos a Buenos Aires Hitech.
Mas aos olhos deste viajante, o que mais chamou atenção foi a alegria e esperança dos hermanos argentinos. Não ouvir questionamentos partidários, parece que os rótulos - Peronista, Kirchrnista, esquerda socialista, liberalismo - estão exauridos da esperança da população.
Há de se observar, que neste mundo pós moderno a política não se polariza entre esquerda versus direita. Existe um cansaço exponencial em relação a esse modelo de fazer política. O engenheiro argentino - Maurício Macri - conservador de centro-direita, no entanto defende a presença do Estado na proteção social aos mais pobres e, ainda, candidato de conciliação. Assim se portou no primeiro dia após a posse, reuniu na Casa Rosada com seus aliados e adversários políticos, chamando os para a conciliação, o consenso em torno de uma Argentina unida e patriótica.
A posse, que assisti numa barbearia no centro histórico da cidade Mendoza, cidade próxima a Cordilheira dos Andes, em seu discurso no Congresso Nacional disse que não existirá novo grupo de partidários, “Macrinistas”, todos somos argentinos, dizia o novo Presidente. Na sacada da casa Rosada, o novo Presidente também declarava que amava seus compatriotas!
O Povo sul-americano não suporta mas a figura do líder messiânico, que leva uma vida de pompas, negociatas não republicanas e o teatro político que soa artificial e não traduz as demandas da população. O Continente está querendo uma nova brisa, assim como a que sopra aqui pelas bandas do vertice do cone sul, esperança de bons ares!
Nesta foto as flores do Jacarandá insistem em aparecer na escuridão e ao fundo a Casa Rosada, sede do Governo.
Pelas Rutas Nacionais argentinas por onde passamos, assim como, nas cidades que até agora visitamos, uma árvore tem uma beleza especial, que enche de cor a paisagem, o Jacarandá lilás. Como todas as árvores se renovam na primavera com vigor e beleza, depois no final da estação deixam cair suas flores perfumadas, embelezando a paisagem e adubando a terra que se prepara para o sol escaldante do verão. Parece que, suas flores são belezas de esperança, quando caídas dá um colorido especial à paisagem e, ainda, fertilizam o solo, para que as estações seguintes não matem o encanto que as trazem de volta toda as primaveras.
Assim, tenho visto o renovar da esperança do povo argentino, um Jacarandá que teima em florescer depois do sol escaldante da desesperança, outono da introspecção, inverno de escassez e insegurança, todavia, sempre se renova a beleza e a esperança na primavera, cuando los Jacarandás florecem!
Relato de um brasileiro, desde Buenos Aires.
Primavera de 2015.