Evanildo Porto

Evanildo Porto

Sexta, 29 Janeiro 2016 22:39

Por que Ushuaia?

Por que Ushuaia? 14 à 18/01/2016.

Estou escrevendo este texto dentro do Casulo em frente ao Porto do Ushuaia, no Canal Beagle, lá fora está zero graus com vento cortante, que diminui com a sensação térmica para abaixo de zero. Minha “Lizinha” depois de fazer o diário de bordo, já dorme, na agradável temperatura produzida pelo aquecedor a diesel. 

São 22:31h, daqui de dentro observo as primeiras luzes dos navios e as últimas luzes do dia que ainda teimam em deixar o astro rei ir clarear outro lado da terra, o Oriente. 

Registro com as lentes da Canon o crepúsculo que torna esse dia inesquecível! O anoitecer à margem do sul do Atlântico, onde as gélidas águas da Antártida faz a ponte de travessia para o outro oceano, o Pacífico.

Ao lado da nossa “casa rodante” como gostam de hablar por aqui, são nossos vizinhos, suíços, canadense, franceses, e argentinos, todos levando suas inquietudes de explorar seus sonhos com a “casilla en la espalda”, para a viagem ser mais confortável e prazeirosa. A língua de comunicação é o brilho nos olhos, confiança no coração aberto e a mente ávida pela troca de informações dos lugares não percorridos. O sorriso, a gentileza e o mapa é a linguagem universal do motorhomeiro!

Aqui conhecemos o final da Ruta 3 com seus 3.079 km a contar do marco zero no obelisco em Buenos Aires, na Plaza de Mayo. O Parque Nacional Tierra del Fuego com seus belíssimos lagos e montes com picos nevados. 

O inusitado Correio Postal argentino no famoso Canal Beagle, na Ensenada Zaratiegui, no Puerto Guarani onde os sonhadores, que levam suas aventuras a cabo, enviamos correspondências aos nossos, dando notícias do feito realizado. Carimbamos o passaporte com o “sielo del fin del mundo” e trazemos como prova inconteste o DNA do carteiro, Carlos, visto que a cola do famoso selo é com sua própria saliva. 

Dormimos a margem do rio Zapataia e do Lago Roca, fotografamos enrolados na bandeira do Brasil na placa de madeira que testemunha o final da Ruta 3, onde acaba a estrada do continente, de acá a delante solamente caminando o del barco.  

Conhecemos a história e visitamos o presídio penal que deu origem a cidade de Ushuaia, hoje abriga vários museus e exposição de arte, que contam a história local. Caminhamos pelas ruas e avenidas da cidade, fizemos compras em supermercado e desfrutamos das belezas da cidade, tal qual, qualquer um dos locais.

Ao longo da Ruta 3 e da maior da Ruta Nacional (RN) argentina a Ruta 40, um orgulho para quem já a fez de norte a sul, os 5.500km. Encontramos pessoas caminhando com mochila nas costas, pedindo carona; ciclistas; pessoas dirigindo os mais variados tipos de automóvel; motorhomes; camionetas e motoqueiros; todos realizando um sonho que nasce não se sabe quando, apenas que existe e precisa ser realizado por isso estamos todos nas estradas, sendo companheiros nessa caminhada que antes de tudo é pessoal. Feliz aquele que tem uma companheira que compartilha do mesmo sonho, como eu! 

Por que Ushuaia? Porque é onde o sonho me levou até agora, daqui pra frente não sei. Será? 

Já foi dito que Ushuaia é o ponto mais ao sul do continente onde se toma impulso para ir mais longe nas Américas e nos sonhos!

São 23:40h, o astro rei definitivamente já está encantando o Oriente, agora só resta nas águas os reflexos das luzes das embarcações e alguns valentes transeuntes que insistem em curtir a gelada noite da Tierra del Fuego, Ushuaia!

Que a Graça de Deus se renove no novo dia. 

Boa noite e feliz sono e sonhos!

 
Segunda, 18 Janeiro 2016 19:41

Famosa Ruta 40 - Argentina.

Famosa Ruta Nacional 40 na Argentina

Cruzamos a fronteira pela Cordilheira de Entre Lagos em direção a região turística de Bariloche. A linha imaginária que divide os países é o “divortium aquarum”, expressão latina que significa divisória de águas. O amigo motorhomeiro - Daniel Sziapelis - ensinou-me que a fronteira do seu país com o Chile é marcada a partir das nascentes d’aguas na Cordilheira, traçando linha reta entre elas, assim nasce a linha imaginária Andina, tendo a muralha da Cordilheira como fronteira natural. “La tierra que divide água” as fontes que originam os rios que vão desaguar no leste, Argentina, e no oeste, Chile, é a fronteira que passamos várias vezes nesta viagem, deixando lembranças na memória e marcas de carimbos nos passaportes. 

Passamos pela cidade de Angustura onde vimos o pequeno rio que liga dois grandes lagos, onde se pesca o Salmão. Chegamos a cidade mais européia argentina, a badalada  Bariloche! Muitos turistas, preços altíssimo e um calor intenso que não lembrava em nada a Suíça. Fomos recebidos na Iglesia Bautista de Bariloche pelos amados irmãos - Ariel, Agostina e Juan. Partilhamos da comunhão no culto de oração e depois fomos dormir na garagem dos pais de Agostina.

Na manhã seguinte, depois de conhecer e tirar algumas fotos da encantadora cidade com seus grandes grandes lagos e vista para a Cordilheira com neve, ainda que estivéssemos no verão. Imaginei este cenário no inverno, ai sim, torna-se-a com a neve, a “Suíça de la  América del Sur”. 

Rumamos para o sul, pela famosa Ruta 40! A cada fim de tarde ela nos brindou com paisagens ricas em cores, nuvens estupendas, raios de sol multicoloridos dando brilhos a imensidão do céu. Diria que vi entardecer inesquecível que ficou registrado em videos e fotos, para quando, tudo isso, só for lembranças!

Chegamos na cidade de Esquel, já nos esperava na Iglesia Bautista da cidade, o pastor Pedro Boresky, onde participamos do culto de oração e depois fomos ser seus hospedes. Descansamos por dois dias, lavamos as roupas, conversamos muito sobre como temos visto a Igreja do Senhor mundo a fora. Tempo de refrigério e informações! Obrigado irmãos Pedro e Noemi pelo carinho que nos acolheram em sua casa em Esquel, inesquecível!  

Seguimos para a cidade de El Calafate, onde pela primeira vez pegamos a temível estrada de “rípio”. Foram 35 km de pedras soltas, contudo, o Casulo móvel resistiu bravamente e chegamos ao destino - Glaciares Perito Moreno.

Para entrar no Parque Nacional Los Glaciares, paga-se cento e cinquenta pesos argentinos por pessoa, em torno de quarenta reais, dependendo do cambio. Vale a pena! Estivemos a beira das geleiras, com sua beleza imponente e vento gelado. Passeio imperdível, o Parque é muito bem cuidado e com boa estrutura, pena que não é permitido passar a noite acampado, este é o seu ponto negativo.

Mas o espetáculo é a geleira, conhecida como Glaciares Perito Moreno, montanha de gelo em movimento, que quando não se vê paredões de gelo desabando, constantemente ouve-se estrondo de desmoronamento de blocos imensos de gelos sobre as águas, um espetáculo para se ver e ouvir. 

O glacial é uma grande massa de gelo em movimento. Se forma em zona alta e fria, onde a neve e se acumula por anos e anos. O acumulo é tão grande, que seu próprio peso comprime a neve mais profunda, compactando em uma massa sólida de gelo.

A dimensão do Glacial Perito Moreno é de 5 Km de largura, 70 metros de altura e 160 de profundidade. O Glacial é a natureza no seu esplendor! 

Depois, continuamos pela Ruta 40, até o seu final na cidade de Rio Gallego. Despedimos dos seus encantos e pegamos a Ruta 3, que nos levará a Tierra del Fuego, Patagonia del fin del mundo, no final dos seus 3.079 km, Ushuaia!

 

 

Segunda, 18 Janeiro 2016 19:40

Ruta Pan Americana.

A famosa Ruta Pan Americana no Chile.

 Pan Americana é a carreteira que corta as Américas, do Estado americano do Alasca até o extremo sul do continente chileno, são mais de dezessete mil quilômetros de asfalto. 

Descemos para o sul do Chile, apreciando as belezas deste comprido e estreito país. Conhecemos os belíssimos lagos gelados em pleno verão, vulcões com seus picos cobertos de neve, suas mais variadas vegetaçoes, cidades bucólicas a margem de lindos lagos e finalmente chegamos ao final da Ruta Pan America na cidade dos salmões, Puerto Montt. Ficamos acampados no pátio da Primeira Igreja Batista da cidade. Assistimos ao culto e nos alegramos com nossos irmãos cristãos. 

Conhecemos os pontos turísticos e percorremos a Carreteira Austral até o seu primeiro Ferry Boat. Dai em diante a estrada é sem pavimento e com muitas balsas de ilha em ilha, bosques e reservas até atingir o final do território chilena, a cidade de Punta Arena. 

Depois de Puerto Montt fomos em direção ao leste em direção a Cordilheira, passando por Puerto Varas, Ensenada, vulcão Osorno e Entre Lagos.

Em Porto Varas encontramos um casal de Brasília que estava de férias, contamos um pouco da nossa viagem, trocamos endereços de Facebook e a Marlene tem nos seguido pelas redes sociais. Esperamos um dia revê-los quando passamos pelo Distrito Federal.

Ainda na Ruta Pan Americana, perto da cidade de Puerto Montt, encontramos no posto de combustível Copec, o casal do triângulo minero, Alice e Valdeci, com seu motorhome de onze metros. Depois voltamos a nos rever noutro posto de combustível Petrobras na cidade de Esquel na Argentina, estávamos indo  todos em direção a geleira no Parque Nacional Los Glaciares de Perito Moreno.   

Na região de Entre Lagos, no Camping no lo olvides, passamos o ano novo! Conhecemos na noite anterior, num posto da Petrobras em Osorno, o casal motorhomeiro de argentino - Daniel e Olga - com as lindas Poodles Jack e Frida. Combinamos em passar a última noite do ano a margem do Lago Puyehue na cidade de Entre Lagos, com vista para a Cordilheira dos Andes.

Na noite do último dia do ano, juntamos nossas panelas com o Daniel e a Olga e brindamos o ano de 2016, com quatro minutos de antecedência, para termos saldo de tempo no novo ano. Tomamos banho nas águas geladas que descem das montanhas, formando o grande e belo Lago Puyehue. O vento suave e gelado, a imensidão do lago e as estrelas brilhando no seu resplendor testemunharam a nossa alegria de viver este momento. Obrigado Deus! Entramos o ano com sorriso no rosto, brilho nos olhos, esperança no coração, lugares novos para conhecer e gratidão a DEUS por estar fazendo o que estamos fazendo. Conhecer é Preciso! 

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