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Domingo, 13 Dezembro 2015 10:28

Cuando los Jacarandás florecem.

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Jardim de Palermo na cidade de Buenos Aires. Jardim de Palermo na cidade de Buenos Aires.

Cuando los Jacarandás florecem. 

Estivemos em Buenos Aires na semana da posse do recém eleito Presidente da República Argentina, Maurício Macri.

A cidade estava eufórica, otimista, as bandeiras azul celeste tremulando nas sacadas das imponentes avenidas portenha.

Havia um ar de esperança, depois de doze anos de governo kirchner, o período de deserto e atraso que paralisou a Argentina agora é passado, diziam!

Percorremos por dois dias com o casal - Federico e Silvina Young - nossos anfitriões, apaixonados pela bela Buenos Aires. Tentavam, sem muito esforço, mostrar a beleza da Capital que por si só, salta aos olhos, com seus monumentos e prédios históricos, imponentes alamedas e jardins bem cuidados, tudo isso humanizado pela presença dos seus moradores que alegravam a cidade no feriado prolongado, a espera da posse do seu Presidente.

No primeiro dia e começo da noite saímos para conhecer a histórica Buenos Aires, com ruas, avenidas e monumentos que contam a história daqueles que amaram e fizeram a cidade com suas vidas.  Isso quem conhece, são aqueles que, da mesma forma amam onde vivem. Dizem que “os mortos governam o mundo”, com suas ideias, amores, lendas e realizações, assim, os nossos anfitriões nos apresentavam os filhos ilustres Argentinos, vivos nas suas memórias, tendo a cidade como testemunha.

Nossos olhos remetiam à lembrança de lugares visitados como a cidade de Madri. Tal qual lá, Buenos Aires com suas praças e arvoredos centenários bem cuidados, monumentos históricos como presentes de países, para marcar datas históricas, parece que estávamos vendo a bela capital espanhola. Isto é um elogio, espero que nossos amigos assim o reconheçam, uma porção de terra européia no cone sul americano.

Constatamos número grande de livrarias, lotadas de pessoas e muitas cafeterias com suas mesas e cadeiras de palhinhas, que a memória nos levava para as ruas de Paris, principalmente a Avenida de Lions, onde lá, como aqui, tivemos a oportunidade de sentar e saborear os seus famosos brioches e croissant, com el cafelito batido, uma iguaria portenha.

No dia seguinte, depois do saboroso almoço na sua residência, próximo a Ricoleta, muitas histórias e risos de casos vividos e viagens realizadas e planos a realizar. Pois bem, a conversa estava boa e risadas de bons e velhos amigos, bem que gostariamos de continuar ali, saboreando os vários sabores dos deliciosos helados portenhos. Mas como o nosso lema é conozcer es necessário, fomos passear um pouco mais por Buenos Aires.

Federico e Silvina são excelentes anfitriões e guias turísticos fantásticos! Levou-nos para a Buenos Aires moderna. Grata surpresa, conhecemos a região revitalizada do Puerto Madero, junto ao Rio da Prata. Próximo ao Puerto um grande e moderno bairro fora construído. Prédios com arquitetura moderna, com designer de última geração, condomínio belíssimos e caríssimos, conhecemos a Buenos Aires Hitech. 

Mas aos olhos deste viajante, o que mais chamou atenção foi a alegria e esperança dos hermanos argentinos. Não ouvir questionamentos partidários, parece que os rótulos - Peronista, Kirchrnista, esquerda socialista, liberalismo - estão exauridos da esperança da população.  

Há de se observar, que neste mundo pós moderno a política não se polariza entre esquerda versus direita. Existe um cansaço exponencial em relação a esse modelo de fazer política. O engenheiro argentino - Maurício Macri - conservador de centro-direita, no entanto defende a presença do Estado na proteção social aos mais pobres e, ainda, candidato de conciliação. Assim se portou no primeiro dia após a posse, reuniu na Casa Rosada com seus aliados e adversários políticos, chamando os para a conciliação, o consenso  em torno de uma Argentina unida e patriótica. 

A posse, que assisti numa barbearia no centro histórico da cidade Mendoza, cidade próxima a Cordilheira dos Andes, em seu discurso no Congresso Nacional disse que não existirá novo grupo de partidários, “Macrinistas”, todos somos argentinos, dizia o novo Presidente. Na sacada da casa Rosada, o novo Presidente também declarava que amava seus compatriotas!  

O Povo sul-americano não suporta mas a figura do líder messiânico, que leva uma vida de pompas, negociatas não republicanas e o teatro político que soa artificial e não traduz as demandas da população. O Continente está querendo uma nova brisa, assim como a que sopra aqui pelas bandas do vertice do cone sul, esperança de bons ares! 

Nesta foto as flores do Jacarandá insistem em aparecer na escuridão e ao fundo a Casa Rosada, sede do Governo.  

Pelas Rutas Nacionais argentinas por onde passamos, assim como, nas cidades que até agora visitamos, uma árvore tem uma beleza  especial, que enche de cor a paisagem, o Jacarandá lilás. Como todas as árvores se renovam na primavera com vigor e beleza, depois no final da estação deixam cair suas flores perfumadas, embelezando a paisagem e adubando a terra que se prepara para o sol escaldante do verão. Parece que, suas flores são belezas de esperança, quando caídas dá um colorido especial à paisagem e, ainda, fertilizam o solo, para que as estações seguintes não matem o encanto que as trazem de volta toda as primaveras.  

Assim, tenho visto o renovar da esperança do povo argentino, um Jacarandá que teima em florescer depois do sol escaldante da desesperança, outono da introspecção, inverno de escassez e insegurança, todavia, sempre se renova a beleza e a esperança na primavera, cuando los Jacarandás florecem!  

Relato de um brasileiro, desde Buenos Aires.

Primavera de 2015.

 

 

 

 

Lido 8531 vezes Última modificação em Domingo, 13 Dezembro 2015 10:57
Evanildo Porto

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